Opinião do Leitor
Está em cima da mesa de discussão uma proposta de algumas Associações que visa alargar I Divisão Nacional de Seniores Femininos a todos os clubes desde que cumpram os pressupostos regulamentares, acabando com a Segunda Divisão. A Primeira Divisão passaria a ser dividida em Zona Norte e Zona Sul.
Se esta proposta vier a ser aprovada, na minha opinião, está a ser dado um enorme passo atrás no desenvolvimento do andebol feminino no nosso país. Os clubes e as associações que estão a fazer mais força para que isso aconteça são aqueles que estão em riscos de descer de Divisão. O grande argumento da defesa desta proposta são as questões financeiras já que, a divisão em duas zonas, pouparia algum dinheiro aos clubes.
Compreendo o argumento e ele é válido, mas estaríamos a dar um passo atrás em termos de desenvolvimento da modalidade. Há duas razões pelas quais eu considero que seria um erro enorme aceitar-se esta proposta:
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Se esta proposta vier a ser aprovada, na minha opinião, está a ser dado um enorme passo atrás no desenvolvimento do andebol feminino no nosso país. Os clubes e as associações que estão a fazer mais força para que isso aconteça são aqueles que estão em riscos de descer de Divisão. O grande argumento da defesa desta proposta são as questões financeiras já que, a divisão em duas zonas, pouparia algum dinheiro aos clubes.
Compreendo o argumento e ele é válido, mas estaríamos a dar um passo atrás em termos de desenvolvimento da modalidade. Há duas razões pelas quais eu considero que seria um erro enorme aceitar-se esta proposta:
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- Imagem e competitividade da modalidade. Todos reconhecem que o Campeonato da Primeira Divisão, nos moldes actuais, já é bastante desequilibrado com 4/5 equipas muito mais fortes do que as outras. Ninguém gosta de ir a um jogo sabendo que uma equipa vai ganhar por uns 10 golos de diferença, o que é a maioria dos jogos no nosso campeonato. Imaginem o que é saber-se que vamos para muitos jogos em que a diferença vai ser de 40 golos de diferença!
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Para quem ache que eu estou a exagerar, vou dar exemplos da realidade da 2ª Divisão, pegando no exemplo das duas equipas que lideraram o campeonato nas duas Zonas, mostrando apenas os jogos da primeira volta para não ser demasiado exaustivo:
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Para quem ache que eu estou a exagerar, vou dar exemplos da realidade da 2ª Divisão, pegando no exemplo das duas equipas que lideraram o campeonato nas duas Zonas, mostrando apenas os jogos da primeira volta para não ser demasiado exaustivo:
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Juve Mar- São Bernardo 36-19
Alavarium - Juve Mar 26-31
Juve Mar – Sanjoanense 28-16
Palmilheira – Juve Mar 24-37
Juve Mar – Fafe 43-17
Alpendorada – Juve Mar 20-27
Juve Mar – Salgueiros 34-23
Modicus – Juve Mar 24-34
Passos Manuel – Pontinha 59-15
Passos Manuel – BC C. Branco 38-21
Sir 1º Maio - Passos Manuel 24-35
Passos Manuel – ACM Lisboa 30-21
Ac. Coimbra - Passos Manuel 8-42
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Ou seja, estas duas equipas ganharam à maioria das equipas do seu campeonato por mais de 10 golos (Na Zona Sul, os 20 golos de diferença são ainda mais uma realidade). Imaginem essas equipas a jogar com os Colégios de Gaias, Madeira Sads, Gil Eanes e João de Barros…
Basta recuarmos umas épocas atrás, quando houve uma experiência do género e ver-se os resultados: 50-9, 40-11, etc… Será que isto tem algum interesse para o andebol português? Se a Primeira Divisão é criticada pelo desequilíbrio, deveremos agravar ainda mais o problema?
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- O outro aspecto tem a ver com o número de jogos competitivos das melhores jogadoras portuguesas. Depois do histórico apuramento da Selecção feminina para o Campeonato da Europa é essencial que as nossas melhores jogadoras tenham um maior número de jogos competitivos. Com esta proposta, aconteceria exactamente o oposto! Para que não pensem que estou a falar de cor, vou voltar a dar um exemplo…
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O Colégio de Gaia, na primeira fase, tem actualmente 8 jogos competitivos (2 com cada equipa): Madeira SAD, Gil Eanes, João de Barros e Sports Madeira. Na próxima época, mesmo admitindo que uma das equipas da Madeira viesse para a Zona Norte, o Colégio de Gaia teria apenas esses 2 jogos competitivos! E pergunto eu… que consequências terá isso na preparação das selecções e no potenciar das capacidades das melhores jogadoras nacionais? As melhores terão todas menos jogos competitivos e a maior parte dos jogos serão meros passeios sem qualquer interesse para treinadores, jogadoras, público e Comunicação Social!
Bem sei que todos gostam de estar na melhor Divisão, mas a melhor Divisão deve ser só para os melhores e para aqueles que, por mérito desportivo, ganharam esse direito. Se nós não subirmos de Divisão eu também adoraria lá estar e saber que, aconteça o que que acontecer nesta fase final, para o ano vamos estar entre as melhores. Mas acho que é tempo, de uma vez por todas, deixar os nossos interesses individuais (estou a falar de treinadores, clubes e Associações) e pensarmos no melhor para o andebol português. E esta não é certamente a melhor opção. Bem pelo contrário.
Ulisses Pereira
Treinador das Seniores
Alavarium - Juve Mar 26-31
Juve Mar – Sanjoanense 28-16
Palmilheira – Juve Mar 24-37
Juve Mar – Fafe 43-17
Alpendorada – Juve Mar 20-27
Juve Mar – Salgueiros 34-23
Modicus – Juve Mar 24-34
Passos Manuel – Pontinha 59-15
Passos Manuel – BC C. Branco 38-21
Sir 1º Maio - Passos Manuel 24-35
Passos Manuel – ACM Lisboa 30-21
Ac. Coimbra - Passos Manuel 8-42
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Ou seja, estas duas equipas ganharam à maioria das equipas do seu campeonato por mais de 10 golos (Na Zona Sul, os 20 golos de diferença são ainda mais uma realidade). Imaginem essas equipas a jogar com os Colégios de Gaias, Madeira Sads, Gil Eanes e João de Barros…
Basta recuarmos umas épocas atrás, quando houve uma experiência do género e ver-se os resultados: 50-9, 40-11, etc… Será que isto tem algum interesse para o andebol português? Se a Primeira Divisão é criticada pelo desequilíbrio, deveremos agravar ainda mais o problema?
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- O outro aspecto tem a ver com o número de jogos competitivos das melhores jogadoras portuguesas. Depois do histórico apuramento da Selecção feminina para o Campeonato da Europa é essencial que as nossas melhores jogadoras tenham um maior número de jogos competitivos. Com esta proposta, aconteceria exactamente o oposto! Para que não pensem que estou a falar de cor, vou voltar a dar um exemplo…
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O Colégio de Gaia, na primeira fase, tem actualmente 8 jogos competitivos (2 com cada equipa): Madeira SAD, Gil Eanes, João de Barros e Sports Madeira. Na próxima época, mesmo admitindo que uma das equipas da Madeira viesse para a Zona Norte, o Colégio de Gaia teria apenas esses 2 jogos competitivos! E pergunto eu… que consequências terá isso na preparação das selecções e no potenciar das capacidades das melhores jogadoras nacionais? As melhores terão todas menos jogos competitivos e a maior parte dos jogos serão meros passeios sem qualquer interesse para treinadores, jogadoras, público e Comunicação Social!
Bem sei que todos gostam de estar na melhor Divisão, mas a melhor Divisão deve ser só para os melhores e para aqueles que, por mérito desportivo, ganharam esse direito. Se nós não subirmos de Divisão eu também adoraria lá estar e saber que, aconteça o que que acontecer nesta fase final, para o ano vamos estar entre as melhores. Mas acho que é tempo, de uma vez por todas, deixar os nossos interesses individuais (estou a falar de treinadores, clubes e Associações) e pensarmos no melhor para o andebol português. E esta não é certamente a melhor opção. Bem pelo contrário.
Ulisses Pereira
Treinador das Seniores
Femininas do Alavarium
"Publicado em sete metros"
"Publicado em sete metros"
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